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O grande redesign da Bíblia

O grande redesign da Bíblia

31/07/2014

De vez em quando surge no Kickstarter alguns projetos que mudam a forma como vemos coisas que estão o tempo todo aí, disponíveis a todos e que parecem não serem mutáveis. Até que alguém não acomodado tem uma ideia e, o mais importante, realiza. Um desses é o tal Adam Lewis Green, artista gráfico especializado em ilustração e design de livros, que andou repensando os formatos da Bíblia — trabalho um tanto desafiador e controverso.

A sacada dele foi se concentrar na obra com um viés literário, deixando de lado a pegada exclusivamente religiosa. A intenção de Green é que o leitor desfrute a obra se baseando nas suas histórias e na sua forma, como em qualquer outro livro, de ficção ou não. Eu, por exemplo, sempre adorei o ponto em que o texto chegou nos dias atuais, após milhares e milhares de edições realizadas em vários séculos. Também gosto das histórias por elas mesmas, como a de Jó e a aposta besta do demo; ou da Torre de Babel, com os pedreiros conversando e brigando em todas as línguas do mundo; ou sobre os terríveis cavaleiros do Apocalipse: Peste, Fome, Morte e Guerra. Vale a pena se despir de preconceitos e dar algumas chances as essas histórias.

Assim, Green escolheu uma tradução para o inglês consagrada, mas que dá uma tocada mais fluida ao texto. Também tratou de sacar as divisões de capítulos, os versículos, as notas de rodapé e tantas referências que nos formatos da Bíblia que conhecemos acabam impedindo de se apreciar o texto como pura arte literária. O editor também optou dividir o grande livro em quatro menores, cada um com cerca de 500 páginas. Dá para levar a sua leitura para qualquer lugar, debaixo do braço, sem problemas. Após toda a grana ter sido levantada na campanha, ainda será incluída em todas as compras um quinto volume, com a Bíblia Apócrifa, que até hoje não tive a oportunidade de apreciar em papel.

No design do projeto, Green preparou uma topografia exclusiva, serifada e bonita, para o corpo do texto. Justificou pela esquerda e deu uma margem boa — coisa linda. Escolheu ainda a proporção da página baseada nas medidas da Arca da Aliança (aquela do Indiana Jones), conforme especificado no Gênesis. Para o acabamento, o leitor ainda pode escolher entre algumas opções, de acordo com a contribuição que dá ao financiamento do projeto. As versões mais caras incluem capa e marcador de página de tecido, caixote de madeira e até uns cartazes elegantes, com uma impressão daquelas, feita na Alemanha, assim como a dos livros.

Dá uma checada no site do projeto, tem várias outras informações e o link para compra. Estou analisando o menu, mas acho que terei leitura garantida para um bom tempo.

 

O lindo acabamento de tecido com o marcador vermelho.

A ótima tipografia exclusiva do projeto.

As páginas, que carregam a proporção do formato da Arca da Aliança.

Os títulos, simples e bonitos.