Siga
Naldo: a consequência direta de tudo isso aí

Naldo: a consequência direta de tudo isso aí

25/03/2013

Daí que, por conta de uma festa de formatura neste final de semana, eu passei pela provação de ouvir, praticamente três vezes seguidas, a balada pop "Amor de Chocolate", do cantor brasileiro Naldo - que agora abriu mão de figurar entre os seletos 'sem-sobrenome' e adotou o 'Benny' depois do 'Naldo'. A coisa é que isso despertou em mim a vontade de escrever sobre uma teoria que, ao menos sob influência etílica, tende a funcionar:

A existência e sucesso de Naldo é uma inevitabilidade lógica.

Para desenvolver meu raciocínio é necessário que você conheça o principal hit do marido da Mulher Moranguinho, ou que você se permita ouvir a canção, "Amor de Chocolate", no player abaixo (estou colocando o clipe porque a manifestação visual, ainda que irrelevante para esse texto, também é ótima):

http://www.youtube.com/watch?v=wzS61Jennkw

Não irei mentir. Não ouvi, ou não me lembro de ter ouvido, nenhuma outra música do sr. Benny que não essa "Amor de Chocolate". Mas, de tanto ouvir, posso dizer, com certa dose de certeza, que ela só existe graças a conjunção, intencional ou não, de três gêneros que compôem o cancioneiro pop-brazuca: Funk Carioca, Axé Music e Sertanejo Universitário.

Do funk carioca veio a batida, eletrônica e bem marcada. Nunca vi ou li uma entrevista do Naldo, mas desconfio que, se perguntado, ele se diria um cantor de funk. Mas o ponto é que ele não canta como um cantor de funk. A estrutura e melodia da música é filha bastarda do axé, o que influencia diretamente na forma como ele canta, se arriscando, mais de uma vez, a segurar uma nota ao final de uma estrofe. Coisa inimaginável para um funkeiro que se preze. Isso também influencia na coreografia, que acaba obedecendo mais ao canto que à batida, como acontece na forma como se dança funk 'tradicionalmente'.

Mas essa música não aconteceria se ela não evocasse o estilo de vida coxinho-playboy em sua letra, como acontece na vertente universitária do sertanejo. Tudo bem que não são feitas descrições de como se pega uma mulher pelo braço na 'balada', ou como foi gasto o orçamento de um país africano para ficar em um camarote VIP, ou ainda como o tipo de carro influencia diretamente no sucesso com o sexo oposto. Mas o clima de festa, pegação e paquera são presenças constantes (trocando, talvez, as boates paulistas pelas praias de Porto Seguro). Mais: os versos de abertura, "vodca ou água de côco/pra mim tanto faz" são claros exemplos desse estilo de vida que troca uma cachacinha brasileira por uma vodka importada.

Ao misturar as três vertentes de maior sucesso comercial no Brasil, de forma orgânica, Naldo pode ser o primeiro representante de uma nova onda. Uma nova Bossa Nova, um novo Samba-Rock. Mas isso, só o tempo dirá.