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Mil dólares, Mozilla e o casamento gay

Mil dólares, Mozilla e o casamento gay

08/04/2014

Executivo da Mozilla e um dos criadores da linguagem JavaScript, Brendan Eich doou aqueles que devem ter sido os mil dólares mais caros de sua vida em 2008. Era ano de eleições nos Estados Unidos, e a Califórnia aproveitou para votar a Proposition 8 - apoiada por Eich - que foi aprovada e proibiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Há duas semanas, o mesmo Eich foi nomeado CEO da desenvolvedora do Firefox, e a reação foi instantânea: funcionários da organização não-governamental protestaram contra a escolha no Twitter, e três membros da diretoria renunciaram a seus cargos.  A escolha foi considerada incompatível com os valores de uma instituição que luta por uma internet livre.

Programadores começaram um boicote ao browser, que chegou até ao site OkCupid, uma dos maiores sites de paquera do planeta, que substituiu sua página inicial por um pedido para que seus usuários utilizassem outro navegador. "Igualdade para os LGBT é algo importante aqui no OkCupid. É algo que faz parte do nosso trabalho. OkCupid é feito para criar amor. Aqueles que tentam negá-lo e causam miséria, vergonha e frustração são nossos inimigos", justificaram.

Na última quinta-feira, dia 3, o pedido de demissão de Brendan Eich foi anunciado com uma carta envergonhada da Mozilla, que admitiu o erro. "Nós sabemos por que as pessoas estão magoadas, e elas estão certas: nós não nos mantivemos honestos a nós mesmos."

A efetividade do protesto (embora a empresa jure de pés juntos que a demissão não tenha a a ver com a polêmica) é um caso isolado, mas chama a atenção. Demonstra que para apoiar a retirada de direitos você precisa enfrentar as consequências disso. Mesmo sendo um executivo de uma empresa de comunicação.

E reascende o debate sobre a pouco explorada questão LGBT no mundo da tecnologia. O tema bombou uns quatro anos atrás quando funcionários do Google fizeram um vídeo para o projeto "It Gets better", criado para encorajar jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros de todo o mundo.

https://www.youtube.com/watch?v=pYLs4NCgvNU

As versões feitas por funcionários da Apple e do Facebook para a campanha podem ser encontradas com legendas em português no YouTube.