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Luka, onde vivem os monstros?

Luka, onde vivem os monstros?

07/05/2013

A imaginação vai além de uma rede de traições, coincidências, pequenas vinganças e a Turquia. Ela é como esses sonhos de noites intermináveis. É como viver outra época, sentir outro cheiro e gostar de outra música. Ela é o carro de brinquedo que a criança transforma em “GTA” ou “Need for Speed”. Vem e volta sem ordem cronológica, social ou lógica. Pode ser também uma lembrança ou previsão. Ou simplesmente um pequeno hiato fora das obrigações dos papéis de todos os dias.

Eu gosto de Maurice Sendak (1928 – 2012), o Millôr Fernandes da literatura infantil. Ele causa certa desordem no fantástico mundo das crianças. Não a utopia das árvores grandes demais, ou monstros perigosos, ou vampiros caretas e bruxos de cicatrizes. Seu traço era todo incisivo, representativo e difícil. Não há só puerilidade na criança. Seu livro mais famoso, transformado em filme, é “Onde Vivem os Monstros”, sobre o isolacionismo da criança em um mundo repleto de figuras como o impulso nervoso, o ciúme, proteção, insegurança, introspecção e ceticismo.

É o meu mundo e também o de Luka, um menino de 12 anos que não pode andar. Não entre esse cotidiano todo regrado. Ele teve uma distrofia muscular que enfraqueceu seus ossos com o tempo. Eu posso andar, apesar das pernas tortas. Porém, quase não nasci. Luka nasceu bem. Não sei se já o encontrei, ou algum familiar, em um sonho qualquer. O amálgama é muito grande.

Matej Peljhan o encontrou. Ele é fotógrafo e criador do projeto Le Petit Prince. Luka e Matej têm sonhos em comum. Luka é do Lakers e desce a ladeira de skate. A imaginação que o fotógrafo fez questão de desvendar. Ele é mero observador da genialidade que percorre o dia de uma criança de qualquer idade. Luka é dono da sua própria anarquia. Eu e você ainda estamos na fase de postar frases no Facebook.

As fotos: