Da Tijuca para o mundo
27/09/2012Este ano uma penca de medalhões da música brasileira completa 70 anos de idade – uns com dignidade, outros nem tanto. Se vivo estivesse, Tim Maia faria parte desse time de vovôs cantores.
De seus tempos de Tião Marmiteiro da Tijuca até o auge de sua trajetória de sucessos e excessos, um sonho acabou inalcançado: jamais obteve reconhecimento internacional.
Ele bem que tentou. Sempre gravou boas músicas em inglês, que nunca fizeram sucesso no Brasil e jamais ultrapassaram fronteiras. Desde a sua deportação dos EUA em 1964, após puxar seis meses de xadrez por porte de maconha e roubo de carro, ele só voltou ao país em 1997 - oportunidade em que fez uma viagem de Miami a Nova York abordo de uma limousine pilotada por um português e reviu os 19 locais onde morou em cinco anos de sonho americano. Nesse retorno, encontrou algumas pessoas com quem havia convivido 40 anos antes e fez, por conta própria, um show improvisado para 50 brasileiros no hall de um hotel em Miami. Seis meses depois, morreria vítima de ataque cardíaco fulminante.
Parece que tudo pode mudar a partir desta semana. Para comemorar o aniversário de Tim, dia 28 de setembro, a gravadora Luaka Bop, de David Byrne, vai lançar no dia 2 de outubro o disco “Nobody can live forever: The Existencial Soul of Tim Maia” (ouça prévia aqui).
Trata-se de uma coletânea com foco na produção do Síndico nos anos 70, que será lançada em vinil duplo e no iTunes e servirá de cartão de visitas da obra de Tim Maia fora do Brasil.
O projeto está no forno há 10 anos por conta de disputas judiciais envolvendo a família do cantor e a liberação das músicas da fase Racional. Desatados os nós, a coisa fluiu e ao que tudo indica será um lançamento e tanto. Nos últimos dias já começaram a sair resenhas em blogs especializados e nota no “New York Times”.
Um grande tributo está marcado para o dia do aniversário, quando será realizada uma festa coletiva internacional em que bares, rádios e lojas de disco de Nova York, Chicago, Los Angeles, São Francisco, Londres, Lisboa, Estocolmo, Gotemburgo, Paris, entre outras, receberão DJs que tocarão o som de Tim Maia.
Finalmente um lançamento de peso para o maior peso pesado da música brasileira. Melhor que isso, só se o boato sobre David Bowie gravando Tim Maia se tornasse realidade.
Certa vez, um jornalista perguntou a Tim Maia qual era a diferença entre ele, Chico Buarque e Caetano Veloso. Ele prontamente respondeu: "Chico e Caetano são universitários. Tim Maia é doidão". Falou e disse.