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Como nossos pais

Como nossos pais

26/10/2012

No dia em que o Fantástico divulgou o paradeiro do sumido Belchior, um grupo de amigos meus de Santa Maria planejava uma viagem de carro ao Uruguai, programada para dezembro daquele ano. Era agosto de 2009. Quatro meses depois, lá estava o grupo de estudantes de jornalismo da UFSM na cidade de San Gregório de Polanco, a cerca de 5h de viagem de Montevidéu. Rodaram a cidade e nada do ídolo. Mas valeu a homenagem ao cantor, ele merece. E vale lembrar que sexta-feira passada (26) foi seu aniversáriode 66 anos

Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes tem um nome muito nordestino e é cearense de Sobral (cidade em que a "teoria da relatividade" de Albert Eistein foi comprovada). Para muita gente ele ainda é o cara que escreveu sucessos da Elis Regina. Mas não é bem assim. Aliás, por mais incríveis que fossem as notas alcançadas pela intérprete gaúcha, as versões com a sua bela voz perdiam muito da emoção inocente do retirante nordestino.

As músicas de Belchior inspiraram nomes de centenas de chapas de centro acadêmico nas últimas quatro décadas. E há entre seus fãs quem diga que ele é o "Raul Seixas de esquerda" (para protesto dos estudantes de humanas do país). Enquanto Raulzito ironizava que "agora pra vender disco de protesto todo mundo tem que reclamar", de maneira humilde o colega dizia que "no tempo em que você sonhava (…) amigo, eu me desesperava".

http://www.youtube.com/watch?v=EhQS5b416wA

Sexta também foi dia de brindar os 70 anos de vida (e 50 de carreira) do incrível Milton Nascimento, o nosso "Bituca". Dia desses, em entrevista à filial da Globo do sul de Minas, Milton contou que o "Clube da Esquina" começou em um barzinho em BH chamado "Berimbau"; quando ele pegou um violão e, de olhos fechados, acompanhou a melodia de Lô Borges; Marcinho Borges aproveitou para escrever a primeira letra do grupo enquanto a mãe dos irmãos chorava no canto do bar (aliás, dia desses os garotos que aparecem na  capa do LP apareceram, 40 anos depois, em reportagem do “Diário de Pernambuco”).

Para a amiga Elis, "se Deus cantasse, seria com a voz do Milton". O cara é incrível como intérprete, compositor e musicista, e sua obra vai de "Maria, Maria" (principal fonte de inspiração das professoras de artes para apresentações escolares nos dias das mães) a um LP ao vivo do musical "Missa dos Quilombos", que encerra com uma pregação de D. Helder Câmara de emocionar qualquer ateu.

Milton segue forte, e dia desses comemorou os cinquentenário em um show que contou até com participação da cantora Sandy (irmã do Júnior). E Belchior? Deve estar no Uruguai.

http://www.youtube.com/watch?v=BLAEK2xRoWA