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Colete no peito e um iPhone na mão

Colete no peito e um iPhone na mão

01/07/2012

Entre julho de 2010 e fevereiro de 2011, o coletivo Basetrack acompanhou um grupo de fuzileiros navais norte-americanos no Afeganistão e realizou uma das mais interessantes experiências de cobertura de guerra dos últimos tempos. Tão interessante e inovadora, que gerou desconforto no QG do Tio Sam, que logo convidou os integrantes do grupo a se retirarem.

Durante sete meses, o grupo de repórteres de guerra formado por um americano, dois húngaros, uma canadense e um inglês fotografou o cotidiano da tropa com iPhones, utilizando filtros do aplicativo Hipstamatic para obter efeitos analógicos nas imagens.

A escolha do celular como ferramenta não foi por conta de nenhum patrocínio da Apple. De acordo com os fotógrafos, a câmera do iPhone foi adotada por ser a única vedada o suficiente para sobreviver à poeira fina do deserto afegão — além de apresentar boa qualidade e leveza.

O projeto não consistiu apenas em fotografar os combatentes, mas também em fazer vídeos, entrevistas e disponibilizar tudo isso na internet em tempo real. O Basetrack se tornou um canal direto dos soldados com suas famílias e transformou os fuzileiros em cronistas de suas trajetórias na guerra.

As fotos são sensacionais. Além de flagrar a tensão dos dois lados da ocupação, mostram o tédio dos combatentes e as incoerências desta invasão que há mais de 10 anos massacra um povo em nome da “liberdade”, a um custo altíssimo para os EUA.

No mês passado, um dos cabeças do Basetrack — o húngaro Balazs Gardi — veio ao Brasil para o lançamento da edição número 2 da revista “Zum”, que traz na capa uma foto maneiríssima de um soldado do Exército Nacional Afegão com uma sacola na cabeça, durante uma tempestade de areia (imagem de destaque, que abre este post). 

O fotógrafo fez uma apresentação sobre seu trabalho e respondeu a algumas perguntas do público, dá uma espiada:

 

https://www.youtube.com/watch?v=amHQEmsH_Uw

 

A qualidade do material não deixa dúvidas de que o olhar do fotógrafo ainda é o que mais conta em qualquer registro, principalmente de guerra. Se o Pelé do fotojornalismo e conterrâneo de Gardi, Robert Capa, estivesse vivo... será que trocaria sua lente 50 mm pela do iPhone?

 

 

 

 

 

 

 

Nesta publicação é possível ver mais imagens incríveis registradas pelo grupo:

 

 

 

Veja mais:

Site do Basetrack
Facebook do Basetrack
Flickr do Basetrack
Site do fotógrafo Balazs Gardi