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Abaixo a caguetagem

Abaixo a caguetagem

30/10/2012

Bezerra da Silva nunca gravou canções de amor ou amenidades. Ganhou fama por cantar irrestritamente a realidade mais tensa do morro, como a opressão nas favelas, jogo do bicho, o uso de drogas e principalmente a malandragem. Muito antes do gangsta rap norte-americano bombar, Bezerra já lançava discos em que aparecia na capa empunhando armas, chegando a ser rotulado como "cantor de bandidos" pela crítica.

 

"Dizem que sou malandro, cantor de bandido e até revoltado. Somente porque canto a realidade de um povo faminto e marginalizado"

O curta-documentário "Onde a coruja dorme" (2001) conta de forma bem interessante esse universo a partir das histórias e dos ofícios dos diversos compositores anônimos que forneciam a matéria prima para o cantor gravar. São eletricistas, carteiros, cobradores de ônibus, mecânicos, policiais, camelôs, entre outros, que sobreviviam em meio ao caos carioca sem nunca se passar por otário (bandido) ou dedo duro.

O caguete aliás, sempre presente nas letras sobre malandragem gravados pelo sambista, é tema recorrente e figura indigesta para todos os entrevistados. O próprio Bezerra enche a boca no filme para falar como acha bonito ver um xis-nove na cadeia.

Vale a pena encarar os 15 minutos do curta para ver figuras como o bombeiro Pedro Butina, que trabalha com remoção de cadáveres, e o genial técnico de refrigeração Tião Miranda, que revela sua teoria mirabolante sobre como refrigeração, eletricidade e informática são as coisas mais importantes do mundo.

 

http://vimeo.com/41916842

 

Passados 11 anos do surgimento do curta, os diretores lançam no próximo dia 2 de novembro um longa homônimo. Se a qualidade e o ritmo forem mantidos, é um prato cheio para quem curte música e documentário. Abaixo, veja o trailer do longa.

 

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=argpMwy-qsw