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Um avião desaparecido e o Tomnod

Um avião desaparecido e o Tomnod

31/03/2014

O sumiço do Boeing-777 da Malaysia Airlines causou espanto inédito nessa era de supervigilância. Mais ainda neste escriba. Se você ficou off-line essas últimas semanas, trata-se de um gigante de 298 toneladas e 64 metros de comprimento que sumiu no dia 8. Há uma semana, Najib Razak, premier da Malásia, confirmou que o avião caiu em algum lugar do Oceano Índico e matou as 239 pessoas a bordo. A marinha americana, que passou a cooperar com o resgate, acredita que a área de busca é similar ao tamanho do Oceano Índico e que os familiares das vítimas podem ficar até um ano aguardando respostas.

Austrália, China, Japão, Nova Zelândia, Malásia, Coreia do Sul e o próprio Estados Unidos estão em alto mar buscando vestígios. Até o momento, imagens de satélites divulgaram inúmeras informações do que poderiam ser destroços da aeronave. No entanto, todas eram ou pequenas partes de navios pesqueiros ou peças de outra natureza (pedaços de madeira, por exemplo). As pistas parecem diminuir.

Em um dos maiores atos de desumanidade já registrados, o indelicado governo da Malásia enviou um SMS aos parentes das vítimas: “A Malaysia Airlines lamenta com pesar que temos de presumir, além de qualquer dúvida razoável, que o voo MH370 se perdeu e não há sobreviventes entre os que estavam a bordo". Isso minutos antes do pronunciamento oficial ao mundo.

Por um lado, a demora em dar resposta aos parentes, que devem processar a companhia aérea. Soma-se a isso a pressão internacional e inúmeras críticas à Malásia. Por outro, um site está ganhando destaque em cooperação internacional. Trata-se do Tomnod, que criou uma campanha para encontrar os destroços. Foi o meio utilizado pela cantora Courtney Love, viúva de Kurt Cobain, para encontrar vestígios e alertar autoridades. Ela virou piada que viralizou. Mas a ideia do site merece atenção.

Ele pertence à DigitalGlobe, gigante que fornece imagens comerciais do espaço e conteúdo geoespacial, e convida interessados a uma busca virtual sobre uma pequena área de mar. Quem se cadastra, recebe uma faixa de oceano para pesquisar. Se você encontrar algo, pode marcar como Mancha de Óleo, Destroço, Bote Salva-Vidas e Outros. Se várias pessoas levantarem uma mesma suspeita, o site envia os dados às autoridades da região.

Três milhões de pessoas já passaram pelo Tomnod e até o momento só geraram suspeitas infundadas sobre o Boeing da Malaysia. Ele inclusive saiu do ar com o excesso de tráfego. Já no final do ano passado, quando o tufão Hayian atingiu as Filipinas, 60 mil pontos foram encontrados pelos usuários em 24 horas e ajudaram as buscas internacionais.

A iniciativa parece um pouco mais séria que as inúmeras barrigadas que a internet, movida por grandes conglomerados de mídia, têm se envolvido ultimamente. Na última sexta-feira, por exemplo, a CNN "matou" Pelé. Fora a corrida desencontrada por informação após o acidente de Michael Schumacher. Além de um triste episódio recente, o da bomba de Boston e da morte de um inocente.

Três milhões de pessoas se interessando por buscas no mar também dão um pouco mais de esperança em um mundo de senhoras que acham o fim da picada levar o próprio lixo ao térreo.