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Sobre esquimós que tomam ácido

Sobre esquimós que tomam ácido

05/07/2011

Com uma guitarra na mão e uma ideia na cabeça, o músico e compositor Klaus Koti tem conseguido resultados impressionantes desde sua mono-diáspora do interior paulista para Curitiba em 1995. A última nova de sua saga é o disco “Esquimo’s on acid”, disponibilizado no último sábado, 2, no Sound Cloud para ouvir via stream e lançado em CD pela Fon-Fon Records.

Após retratar o drama e a sujeira dos que vivem na sarjeta no excelente álbum “Caído na Sarjeta” (2008), a embriaguez de marinheiros em “Calavera” (2009) e a história dos monstros folclóricos do mundo em “Monstros que não existem, mas eu acredito” (2010), Koti se volta ao Ártico, para a cultura dos Esquimós, em seu novo trabalho. Dessa vez sem os Penitentes, ele retoma o fluxo de produção solitário, em que toca todos os instrumentos sozinho e grava tudo no seu estúdio caseiro, equipado com o que há de melhor em sucatas de informática e pedaços de qualquer coisa. “O lance é conseguir com lixo ser melhor que estúdio milionário”, explica.

Questionado sobre a produção do álbum, se o tema teria sido motivado pelo frio, Koti explica: “frio não, porque boa parte das composições surgiram em Floripa, em uma virada de noite na lagoa. Ácido sim, principalmente as quatro primeiras canções”, revela.

A ideia do disco surgiu durante sua viagem lisérgica com a amiga Karen Tortato na Lagoa da Conceição e um papo sobre esquimós. “Começamos a falar sobre a vida dos esquimós. Ela conhece bem como eles vivem, e aí me contou muitas histórias sobre a poligamia deles e seus rituais. Aí eu juntei tudo e usei a vida do esquimó como uma metáfora de passagem espiritual para um outro estado da mente, de romper com o passado ou coisa assim”, explica. Se fosse pra traduzir em ilustração ou gravura, Koti faria a cena do rito de passagem assim: “a imagem seria de alguém pegando um machado e rompendo o lago congelado. Mais ou menos isso”, diz.

O banquinho, músico, produtor e contador de histórias, Cassiano Fagundes ouviu o disco cuja ideia foi concebida no seu quintal e decretou: “é um dos maiores compositores da nossa época”.

Koti acaba de voltar de uma turnê nos EUA entre 10 de maio e 10 de junho, onde encontrou um amigo que mora no Texas e seguiu de carro até Nova York, parando em algumas cidades para tocar na rua em troca de gorgeta e em 8 bares alternativos da rota.

Klaus é mais conhecido mundo afora pelo seu trabalho como monobanda, quando assume as formas de um primata e dotado de uma guitarra ou uma viola nas mãos, caixa, bumbo e pratos nos pés, torna-se O Lendário Chucrobillyman. Com essa identidade Koti deve seguir para uma nova trip pela Europa, entre 18 de agosto e 10 de outubro, onde tocará com o one man band italiano Mr. Occhio na Itália e Alemanha.

Na volta, Koti pensa em retomar as atividades com os Penitentes, tocar as músicas dos monstros e tentar viabilizar o CD que possui um encarte recheado de ilustrações caprichadas, mas ainda não pode ser impresso por falta de verba. Paralelo a isso, quem sabe, pode ser que o som esquimó possa ser reproduzido em show. "Ainda precisamos estudar pra ver se funciona ao vivo", diz.

Assim, entre composições, gravuras e viagens, Koti segue despretensiosamente enriquecendo sua própria lenda. É seu estilo.

Ouça abaixo "Esquimo's on acid":

 

 

O CD não está disponível para download. Pode ser adquirido por R$ 10 através de contato pelo email: klauskoti@gmail.com ou via Facebook

Os discos anteriores podem ser baixados aqui

Para ouvir o Lendário Chucrobillyman clique aqui.