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Open Letter to Miley Cyrus

Open Letter to Miley Cyrus

14/10/2013

Querida Miley,

Não, eu não vim aqui te dar conselhos de tiazona e dizer para você não se deixar prostituir pela indústria fonográfica. Nem vim aqui dizer que você não precisava ter lambido aquele maldito martelo no clipe e traumatizado as pessoas. Nem vim dizer que você precisa aprender gramática antes de escrever as letras das suas músicas. Não, também não vou te dar lições de moral e dizer que as famílias (Smith) ficaram chocadas com a sua performance no VMA ao lado do Robin Thicke, fazendo inveja para as recalcadas. E também não quero você peça desculpas a ninguém.

Escrevi essa carta para você (pois tá na moda e eu quero me promover) para dizer que é isso mesmo que você tem que fazer. O mundo anda careta e chato demais, com mil restrições e hipocrisia rolando solta. Não se pode mais fumar, não se pode mais beber, não se pode mais nem comer em paz. Que graça teria um mundo em que uma cantora de 20 anos, de música pop, usa roupas tipo Avril Lavigne e faz canções mela-cueca sobre corações partidos? Não que você não cante músicas sobre corações partido… Até vamos combinar que o Liam nem merecia um disco inteiro só para ele, né? Mas você é livre para fazer o que quiser.

Você é livre para escrever uma música que supostamente fala sobre drogas, coisa que os Beatles, os Stones, o Pink Floyd, o Nirvana, e mais outras 714 bandas, nunca fizeram né? Você é livre para fazer um clipe baseado em uma pool party alegre, feliz, com os amigos, como Katy Perry fez em “Last Friday Night”, e Justin Bieber em “Beauty and a Beat”, né? Você é livre para ficar nua em cima de uma enorme esfera de demolição, pois já tivemos outros peladões e ninguém falou nada, de Justin Timberlake, com “Tunnel Vision” a Robin Thicke, com “Blurred Lines”, lembrando da fogosa Christina Aguilera com “Dirty”, em que a nudez é o de menos. Você pode dançar como quiser nas performances do VMA, afinal de contas, o que é um twerk perto de um beijo triplo entre Madonna, Britney Spears e Christina Aguilera, opa, olha ela aqui de novo.

Só escrevi essa carta para te dar parabéns por fazer o que você tem vontade, sem medo de ser feliz, independente de ser certo ou não, independente de ser bom exemplo ou não. Cada um é livre para ver ou não os clipes, para ver ou não as premiações musicais que passam na televisão, para escutar ou não as suas músicas, para comprar ou não o seu disco. Mas também escrevi essa carta para te dizer gata, que ninguém vira Rihanna da noite para o dia. É preciso muito mais que ousadia, alegria e um par de  perucas para chegar ao posto de ‘artista polêmica’, coisa que a musa de Barbados consegue apenas com um Instagram.