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O lado obsessivo da força

O lado obsessivo da força

20/09/2011

George Lucas é um sujeito esperto. Mais uma vez ele deu um jeito de empacotar a saga Star Wars em um novo formato – agora em uma luxuosa coleção de blu-rays, que provavelmente será comprada pelos fãs que já possuíam os filmes em VHS e em DVD. O principal chamariz pode ser a oportunidade de possuir a saga em alta definição, mas há outro fator envolvido: cada vez que Star Wars volta às lojas em uma nova embalagem, uma necessidade patológica faz com que os fãs da saga TENHAM de comprar a nova versão.

Eu sei disso porque sou um deles.

Mas, patologia por patologia, não deixa de ser esquisita a obsessão revisionista de Lucas, que constantemente altera a própria obra. Nos anos 90, ele já havia relançado a saga original nos cinemas em uma edição especial “aperfeiçoada”, com efeitos impossíveis de serem executados na época em que os filmes foram feitos. Anos mais tarde, no lançamento em DVD, vieram mais alterações. Uma das mais criticadas está no final de "O Retorno de Jedi", em que o ator David Prowse, que fez o papel de Darth Vader, foi substituído por Hayden Christensen, que faz o personagem na segunda trilogia da saga.

Com a chegada dos blu-rays, veio mais uma batelada de retoques. A saber: os Ewoks agora têm pálpebras; em "A Ameaça Fantasma", o boneco do Yoda foi substituído por uma versão digital; e – muito importante – depois de fazer Greedo atirar primeiro em Harrison Ford na cena da cantina do "Episódio IV", agora ele e Han Solo disparam as armas ao mesmo tempo. São dezenas de mudanças, que vão das cores dos sabres de luz até os gritos de Obi-Wan Kenobi.

A partir do ano que vem, os filmes de "Star Wars" voltarão aos cinemas em versão 3D. Nenhuma dúvida que Lucas vai mexer em tudo de novo. Chegará o dia em que os filmes ficarão tão desfigurados quanto a cara de Darth Vader.

E nós – claro – vamos consumir tudo mais uma vez.