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Feito a mão

Feito a mão

26/09/2013

A editora Caderno Listrado lança nesta semana a série de cadernos artesanais “Samba”, em homenagem ao centenário de nascimento de quatro grandes estrelas do gênero: Wilson Baptista, Cyro Monteiro, Jamelão e Vinícius de Moraes.

O projeto surgiu da vontade do encadernador Daniel Barbosa de fazer um trabalho de fôlego, mas que fosse carregado de sentido. Pra essa batucada sair afinada, ele escalou o Rômolo, um craque da ilustração, para desenvolver as artes das capas e das folhas de guarda dos cadernos. Os dois já trabalharam juntos anteriormente, com destaque para o livro “Malditos Designers”, do Rômolo, encadernado e editado pela Caderno Listrado. O artista topou de cara o convite, mas com uma condição: tomar conta de todo o projeto gráfico e do processo de produção das capas na serigrafia.

E assim foi. Após pesquisa e definição dos conceitos das artes, elas surgiram digitais, lindonas. Chegada a hora de fazer a coisa acontecer, o Rômolo veio de São Paulo para Curitiba para escolher os tecidos nas cores desejadas e fazer na unha as tintas para a serigrafia sair fiel ao projeto. As artes das capas em quatro cores têm várias linhas bem finas, difíceis de serem reproduzidas na sobreposição das camadas da impressão serigráfica. Após os ajustes necessários a impressão ficou bem maneira, com extrema fidelidade ao desenho no computador.

Rômolo, o projeto gráfico e as tintas:

http://vimeo.com/74853349

 

Depois veio a encadernação caprichada, resultando num caderno de alto nível, daqueles que chega a dar dó de usar. Ficou tudo muito legal. O formato de 10 x 20 cm, miolo em polen, capa revestida em tecido de algodão, as cores e tudo mais. Aos apreciadores do samba, um detalhe que cada caderno tem e que são um pouco do charme da parada, é uma referência a algumas das marcas dos homenageados. No do Wilson Baptista há uma navalha e um chapéu (relacionada a malandragem pela qual o compositor ficou famoso), do Cyro Monteiro, um formigão (apelido pelo qual o cantor era conhecido); do Vinícius, o cachorro engarrafado ("melhor amigo do homem", segundo o poeta) e do Jamelão, um trombone e uns passos de dança (afinal, ele foi o maior cantor de gafieira de todos os tempos).

Daniel fala sobre o conceito da série enquanto monta os cadernos:

http://vimeo.com/72237619

 

Fala-se muita bobagem por aí na hora de definir o samba e suas origens. Acho justa a fala do pesquisador Sérgio Cabral na introdução do show “Teleco Teco Opus nº1” de Cyro Monteiro e Dilermando Pinheiro, que se tornou um disco clássico do gênero. “O samba é música do povo. Seus instrumentos são feitos pelo povo, improvisados na rua, em casa, feitos do seu cotidiano”. Para comprovar, na sequência ele apresenta os instrumentos e do que são feitos: “Um gato” — e entra o tamborim. “Outro gato” — e entra um pandeiro. Assim segue, por muitos gatos, passando pelo prato e faca, frigideira, cadeira, caixinha de fósforos e chapéu de palha (ouça aqui, que vale a pena). O bom samba é simples e refinado ao mesmo tempo. Feito a mão, como a encadernação artesanal. O capricho na produção dessa tiragem limitada de cadernos comprova o respeito com os homenageados e o empenho pra um trabalho bacana não só pra quem gosta de design ou samba, mas para qualquer um que curta coisas bem feitas. 

http://vimeo.com/75058430

Para garantir o seu, entre em contato com o Daniel.