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"Febre de Bola" será relançado

"Febre de Bola" será relançado

30/07/2013

Quando era criança, em São Bento, um reduto alemão no norte catarinense, não tínhamos muitas oportunidades de acompanhar futebol profissional senão pela televisão. Globo e Band já se revezavam entre os times paulistas e cariocas. Você pode optar pelo mais fácil nesse cardápio e foi o que fiz. Os anos 90 (depois da metade) foram Vasco, Palmeiras e Corinthians. Meu avô é corintiano. Meu pai Fluminense. Eu e meu irmão optamos por Juninho Pernambucano. Apesar disso, acompanhei a várzea desde criança, nos bairros e na escola, jogando ou assistindo.

A história de Nick Hornby é diferente. Foi levado a um jogo do Arsenal no mítico Highbury logo cedo. De lá não saiu mais. Descobriu entre seus irmãos de cores no estádio de futebol o que muitas vezes lhe faltava em casa. A separação dos pais o fez buscar nos Gunners um amigo de fé, um irmão camarada. Sem cair no discurso esnobe, distante da arquibancada, Hornby criou a partir do Arsenal e da relação futebol-família o evangelho desse esporte. “Febre de Bola” pode não ser o livro mais conhecido do autor, dono de “Alta Fidelidade” e “Um Grande Garoto”, mas provavelmente é o mais emblemático.

Li partes do livro numa surrada versão de biblioteca quando o Vasco já era o clube que é. Sem nunca ter visitado São Januário, de certa maneira estive na Colina Sagrada através das palavras de Hornby, como numa conversa de boteco com Sinatra ao ler o perfil feito por Talese. Hornby e Talese são gênios. Falam de suas paixões como se conhecessem as nossas. A ponto de te deixar bêbado. É o que o futebol faz. Uma vez tomado dessa febre, fim. O resto se passa entre quatro linhas.

"Febre de Bola" será relançado esse ano pela Companhia das Letras. Não perca essa.